sexta-feira, 15 de maio de 2009

La fille plus riche du monde (français macarronique)

Aujourd’hui je n’écrirai qu'en français. Vous me demandez, pour quoi?, et je vous répondes: parce que je le veux. Je ne sais pas, je l'écrire parce que je le veux ou seulement car j’aime dire, regardez, mes gens, regardez comme j’écrire! Mais enfin, je voudrais parlez sur une chose que j’ai vécu la dernière semaine avec mon père et qu'est, je crois, trop especial. Voilà: la dernière semaine j’était en déjeuner avec mon père dans un restaurant en Realengo, un très beaux lieu à Rio de Janeiro, ma ville merveilleuse. Nous bavardions sur beaucoup des choses, depuis litterature et filosophie jusquà la feuilleton de les huit heurs. Un moment, mon père m’a demandé qu’est-ce que je voudrais faire dans ma vie, professionellement; si je voudrais travailler pour toujours dans une maison d'édition, et j'ai lui répondu: oui. Si toujours, ne sais pas, mais maintenat c’est que j’aime faire. Il m’a dit que c’est un rêve très petit , car je pouvais récevoir plus argent dans autre profession, et avoir des maisons et des voitures et faire des voyages etc etc etc...

Bien, je ne sais pas si c’est un petit rêve, en effet. Je connais quelques gens qu'ont beaucoup d’argent et peuvent acheter prèsque toutes les choses qu’ils veulent, mais que ne sont pas joyeux. Et, vous savons, le bonheur n’est pás d’une chose qu'on achete dans les magazines...

Mes rêves sont, basiquement, récevoir d’argent pour avoir ma maison et vivre avec un peu de confort, mais, le plus important à moi c'est avoir vec moi, dand ma côte, mes amis et ma famille, que j’aime et qui n’as pas de prix. Je croix que c’est le plus grand rêve que une personne peut avoir, et je pense aussi que c’est une grande prétention. Un rêve infantile? Peut-être... Exupéry, dans la voix du Petit Prince, a dit que les adultes pensent qu'ils peuvent acheter toutes les choses dans le monde, et, comme des amis on ne acheter pas, ils n'ont pas des amis... Alors, je suis encore un enfant et voudrais tourjours captiver - pas acheter - des amis et des fleurs etc etc etc.

Avoir une bonne famille et grands amis, c'est plus dificile qu'obtenir un bon travail et trop d’argent. Il n’y a pas rien dans ce mond où je peux acheter les gens de confiance que j’ai aujourd’hui et, donc, j’ai dit a mon père: ta fille est la plus riche femme du monde!!

sexta-feira, 27 de março de 2009

Filosofia
(Noel Rosa)

O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim

Não me incomodo que você me diga
Que a sociedade é minha inimiga
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo

Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente
Sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia

segunda-feira, 23 de março de 2009

As pessoas e as coisas (papo Ouro de Tolo)

Dia desses estava conversando com o Guga sobre as pessoas mais inteligentes que conhecíamos. O diálogo acabou sendo direcionado a outro foco, já que houve uma pequena indefinição no que dizia respeito ao significado da palavra “inteligência”. Afinal, quais seriam os pré-requisitos para a constituição desta qualidade em uma pessoa? Procurei no dicionário, e a segunda acepção dizia o seguinte: “conjunto de funções psíquicas e psicofisiológicas que contribuem para o conhecimento, para a compreensão da natureza das coisas e do significado dos fatos” (nosso grande amigo poderoso salve-salve Houaiss).

Pensamos em alguns conhecidos que considerávamos inteligentes e nos respectivos atributos que nos faziam de tal forma classificá-los. As respostas foram das mais variadas, passando por desde o conhecimento profundo acerca das artes até a capacidade de se utilizar das experiências de vida para a melhoria das conjunturas ao seu redor. No fim das contas acabamos dividindo as pessoas inteligentes em duas categorias: as pessoas e as coisas.

Quando eu era nova, idealizei o conhecimento intelectual como um meio de ampliar a concepção do mundo e da vida, como um método de despimento de preconceitos e de sentimentos vãos destinados apenas aos ignorantes. Eu queria ser culta pra ser uma pessoa melhor. Pura ingenuidade. Ao longo desta minha extensa e farta vida que me torna uma quase senhora, fatigada e marcada com os traços do tempo, deparei-me com uma porção de criaturas repletas de conhecimentos em artes, história, política, filosofia etc, porém cujo nível de humanização não chegava nem a um por cento do meu vizinho analfabeto. Aí encontrei também no dicionário uma acepção kantiana bem interessante para a palavra “pessoa”. Diz que se trata do “ser humano considerado como um fim em si mesmo, e por esta razão apresentando um valor absoluto, em oposição a coisas e objetos inanimados, nada além do que meios ou instrumentos, e portanto com um valor relativo”. Era isso. O que define uma pessoa de uma coisa é justamente a capacidade de diferenciar-se de um objeto inanimado, capaz apenas de processar e de reproduzir uma profusão de dados.

Às vezes eu encontro uns determinados indivíduos que se perderam nas contas sobre clássicos lidos, idiomas falados, museus visitados, filmes assistidos, poemas decorados e certificados pendurados na parede, que, todavia, não conseguem ter respeito pelo seu próximo, que são incapazes de interagir com o mundo à sua volta, que não têm gosto ou desgosto, que reuniram essa porção de erudição em suas mentes para... para quê? Não sei. Para enriquecer o currículo, talvez. Mas e então? Pois é. Pra mais nada.

Aí a gente pára e pensa como é bom que nem todas as coisas que almejamos na juventude tenham se concretizado... Eu abriria mão de todos os meus conhecimentos, ainda que poucos, para continuar sendo "pessoa". Mas eu nem precisaria, modéstia à parte, pois sou pessoa, e pessoa pracarái.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Muito barulho por nada

Sim, eu estou viva!

E após um largo período de abandono, por diversos motivos que contemplam desde a falta de tempo até a falta de saco, cá estamos nós novamente, desejando que o querido blog não se encontre em tal situação outra vez...

Antes que a nova ortografia da língua portuguesa completasse um mês de existência oficial, tomei vergonha na cara e decidi, como boa profissional na área, meter o bedelho no assunto que está tão em voga, afinal, como dizia a célebre MC Tati Quebra-Barraco, eu sou feia mas tô na moda.

Pois é, há muito se vinha discutindo a importância de se unificar essa língua, falada por países de diversos continentes e com significativos abismos culturais. Uma das maiores justificativas era o fato de se tratar da única língua a possuir mais de uma ortografia oficializada, mesmo sendo todos os países ex-colônias de um único, ora pois, Portugal.

Então eis que assim foi feito: Portugal, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Angola e mais alguns outros países cujos nomes não me vêm à cabeça agora passaram a ter um idioma oficial com a tão desejada ortografia unificada. É claro que o assunto gerou controvérsias, e até hoje linguistas (sim, sem trema) divergem ao opinar sobre o caso.

Para justificar, o professor Assis Brasil usou como exemplo, em uma palestra organizada pela FALE no ano passado, a escala musical criada por J. S. Bach. Argumentou que, antes da escala, as notas musicais dispunham-se de forma aleatória, causando inúmeros desentendimentos entre os músicos na composição ou na execução de determinada peça. A escala, criticada no começo, serviu para tornar padronizada uma sequência (sem trema!) de notas que, hoje, parecem inconcebíveis vir em outra ordem que não dó-ré-mi-fá-sol-lá-si. Ok, uma boa metáfora, professor, mas talvez não muito adequada, já que existem dois sistemas linguísticos bastante distintos, conhecidos por aberto e fechado.

O negócio funciona mais ou menos assim: o sistema aberto diz respeito ao vocabulário de uma língua. Todos os dias nós inventamos palavras, criamos novos verbos, atribuímos novos significados a palavras já existentes (aqui no Sul, por exemplo, criaram o verbo "chinelear", que é a ação praticada por pessoas "chinelonas", ou seja, pobres, numa errônea associação do chinelo à classe baixa... a palavra "sinistro" hoje possui uma acepção muito diferente da dicionarizada, e por aí vai...) e esse sistema é totalmente renovável e relativo à cultura na qual está inserido. Exemplo maior é a importação de palavras estrangeiras que muitas vezes aportuguesamos e incorporamos ao nosso vocabulário. O sistema fechado é mais complicado: significa a estrutura de uma língua. Por mais que inventemos, incorporemos ou alteremos palavras, a estrutura da língua permanecerá sempre intacta. Na frase "Eu tomo uma coca-cola e ela pensa em casamento", não seria possível inverter a ordem de determinadas palavras, senão a frase perderia seu sentido. Ninguém nunca poderá "inventar" algo como "pensa coca-cola em tomo ela casamento eu uma e", senão ninguém entende e assim não há comunicação. Só se forem os dadaístas.

Voltando à metáfora do professor, a estrutura de nossa língua, seja aqui, seja além-mar, é a mesma. Existe a padronização, de ordem sintática, que nos possibilita entendimento com qualquer falante dela.

Muitos teóricos a favor do acordo usam a justificativa da "necessidade de entendimento" entre as nações. Ora, sempre se leu Saramago e Pepetela por aqui e eles nunca foram incompreendidos por usarem "facto" em vez de "fato". Ao longo de séculos e mais séculos o Brasil desenvolveu sua própria linguagem, com seus próprios léxicos, e nem por isso houve qualquer falha de comunicação entre colônia e colonizador e, posteriormente, entre um país e outro.
Definitivamente, essa história não cola, pessoal.

Quando as pessoas que eram contra o acordo argumentaram que isso poderia acarretar a falta de identidade linguística dos respectivos países, os teóricos pró-acordo disseram que não, não se afobem não, que cada particularidade será mantida, porque a língua não se delimita apenas em seu léxico, sendo que até o raciocínio de cada nação é diferente. Os portugueses não compreendem ambiguidades, discursos implícitos, e isso será sempre uma peculiaridade daquele povo. Além do mais, abismos ainda existirão: se dissermos, em Lisboa, que Ronaldinho pegou uma bicha, eles não verão problema, por mais católicos ortodoxos que sejam. Se um português pedir um durex em farmácia brasileira, indicar-lhe-ão uma papelaria.

Em suma: haverá um prejuízo editorial inestimável com investimentos em revisões ortográficas, novas impressões; possuidores de bibliotecas terão a impressão de portarem elementos obsoletos e, no fim das contas, todos os propósitos apresentados por aqueles que estão de acordo com o acordo (hohoho, que tiradinha genial), serão um pouquinho deslocados, porém sem ter os objetivos alcançados. Brasil, Portugal, Moçambique, Angola, São Tomé e Príncipe e todos aqueles nossos amigos continuarão falando a língua portuguesa adequada a sua própria cultura, inclusive em documentos oficiais, gerando os mesmos pequenos equívocos que nunca impediram a livre comunicação entre si.

Houve uma movimentação considerável para que, em termos pragmáticos, fosse trocada, como dizia Pessoa, a distinção entre nada e coisa nenhuma.